sexta-feira, 20 de abril de 2012

Desafio n.º 12




Aquecimento: Solicitude
O poema tem rima, conta com três versos; o esquema da rima é a a a; os dois primeiros versos são alexandrinos e o último trissilábico; o último verso é uma interrogação introduzida por «Que»; a interrogação incide sobre uma pessoa que não tem de ter obrigatoriamente um nome homologado; o último verso é homófono de um nome concreto; não tem de haver relação semântica evidente entre os versos e a interrogação. Isto é para as solicitudes clássicas. A versão moderna deste desafio pode alterar alguma(s) da(s) regras.
Exemplo muito imperfeito mesmo para solicitude moderna

Em falta há tantos anos,
Estendes coloridos panos
Pensa na inveja dos americanos
Diz, Pensa!


Ritmos e ruídos: Soneto Pirracional
Um soneto pirracional é um poema com forma fixa, de catorze versos, cuja estrutura se apoia no número pi. Está dividido em cinco estrofes sucessivas e respectivamente compostas por 3-1-4-1-5 versos, os primeiros algarismos de pi. As duas estrofes com versos únicos podem funcionar como refrão.
O poema é construído sobre quatro rimas A,B,C,D. As rimas A e C são masculinas e as B e D são femininas. Rima "feminina" é a que é feita com palavras paroxítonas - as que têm a tonicidade na penúltima sílaba: pedra, mesa, conforto, órfão, agradável, cortina... ... (As palavras podem ter acento gráfico ou não)/Rima "masculina" é a que é feita com palavras oxítonas - as que têm a tonicidade na última sílaba: café, compor, você, carnaval, sofá, também... ... (As palavras podem ter acento gráfico ou não.). O esquema rimático será o seguinte:
1. A +
2 A +
3 B –
4 C+
5 B –
6 A +
7 A +
8 B –
9 C + (idêntico ao 4)
10 C +
11 D –
12 C +
13 C +
14 D –


Gourmet : Parlamoutro
Viver é coexistir, cruzar, encontrar, acolher. Mas como falar do outro ? Como significar pela linguagem o que o outro nos traz, nos altera, nos move ? O outro é antes de mais a palavra, uma voz e o encontro uma voz que veio ter connosco. Eis uma pista. Não é preciso ter encontrado milhares de vezes a pessoa que será objeto do nosso texto. Não é preciso ter trocado muitas palavras. Aquilo de que precisamos, é o enigma, a singularidade. A narração trata das informações. A voz dá um ritmo, uma presença, uma música : as palavras banais chegam, são elas que definem como se comporta a pessoa à nossa frente. É essa música que é preciso captar, é difícil. Tudo conta. O sítio onde stamos sentados, a mesa, a iluminação. Cada frase é um azulejo. A roupa, a postura, um pormenor no rosto e na mão. Como o tempo, é o do encontro, suas expectativas, durações, vazios, cada elemento pode ficar independente dos que o circundam. Avança-se acumulando apontamentos, cada pormenor apelando outro. Cada microsegundo vai transformar-se um elemento do texto. Para onde olhávamos ? Em que é que reparamos ? Que procuramos ver, ouvir, olhar, saber ?
Teremos muito atenção às suas palavras, mesmos raras, mesmo banais, não respeitar forçosamente a cronologia.  Na montagem, dispersá-las na totalidade do texto narrativo, começar por uma dessas palavras ouvidas.
De notar que o mesmo princípio de trabalho pode aplicar-se a um encontro regular na rotina.







Sem comentários:

Enviar um comentário